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Quarta-feira, 12 de Novembro de 2008

Massacre de Santa Cruz

 

 

 

 

A 12 de Novembro de 1991, no cemitério de Santa Cruz, soldados indonésios dispararam contra civis enquanto decorria uma homenagem fúnebre a um jovem abatido pelas forças de ocupação. Este massacre causou dezenas de mortos e contribuiu, depois de imagens deste acontecimento terem sido divulgadas nas televisões internacionais, para alertar sobre a ocupação indonésia em Timor-Leste..

 

 

Aqui fica como homenagem a todos os caídos em prol da liberdade do povo Maubere uma simples homenagem prestada pelos Trovante e que nos empolga ainda mais a lutar por todos os povos que vivem sob o jugo de todo o género de ditadura. “Se outros calam cantemos nós”. Força povo de Timor.

 

 

 

Ai Timor

 

Lavam-se os olhos nega-se o beijo

do labirinto escolhe-se o mar

no cais deserto fica o desejo

da terra quente por conquistar

 

Nobre soldado que vens senhor

por sobre as asas do teu dragão

beijas os corpos no chão queimado

nunca serás o nosso perdão

 

Ai Timor

calam-se as vozes dos teus avós

Ai Timor

se outros calam cantemos nós

 

Salgas de ventres que não tiveste

ceifando os filhos que não são teus

nobre soldado nunca sonhaste

ver uma espada na mão de Deus

 

Da cruz se faz uma lança em chamas

que sangra o céu no sol do meio dia

do meio dos corpos a mesma lama

leito final onde o amor nascia

 

Ai Timor

calam-se as vozes dos teus avós

Ai Timor

se outros calam cantemos nós

 

(João Monge)

 

Trovante

 

 

 

sinto-me: Solidário
publicado por Luis Pereira às 19:13
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Sexta-feira, 10 de Outubro de 2008

De antiga prisão política a Pousada de Portugal

A Fortaleza de Peniche, monumento militar e antiga prisão política do Estado Novo, está parcialmente ao abandono e em degradação, aguardando há anos por um projecto turístico. esta quinta-feira, a Enatur e o Grupo Pestana assinam um acordo de exploração.
 
O que o Turismo de Portugal e o Grupo Pestana vão rubricar é um aditamento ao contrato de exploração da Enatur com vista à construção de três novas Pousadas de Portugal, entre as quais uma na Fortaleza de Peniche.
 
A Câmara de Peniche (CDU) concorda com a construção de uma Pousada de Portugal na Fortaleza da cidade, mas alerta para a necessidade do investimento contemplar a valorização do património ligado à antiga prisão política.
 
 
"Esta pousada será diferente de qualquer outra. O que a diferencia é que será construída numa antiga prisão política e num local que é visitado por milhares de pessoas à procura da memória do que ali se passou", afirmou ontem o presidente da Câmara Municipal de Peniche, António José Correia.
 
Por isso, "tem que haver uma compatibilização entre as funções da pousada e a preservação da memória da prisão política e do museu da resistência", sustentou o autarca.
 
"Entendemos que é possível compatibilizar o actual museu municipal de Peniche e a sua componente ligada à resistência com a nova estrutura", frisou, por seu lado, o dirigente comunista de Peniche, Jorge Amador.
 
As novas pousadas estão projectadas para o Convento de Santa Clara, em Vila do Conde, a Fortaleza de Peniche e o antigo Sanatório da Serra da Estrela, na Covilhã.
 
Segundo adiantou Luís Patrão, presidente do Turismo de Portugal, cada uma das três novas pousadas a construir em território nacional deve custar entre 10 a 15 milhões de euros.
 
Erigido no século XVII sobre rochedos em frente ao mar, para defesa da costa, foi perdendo interesse do ponto de vista militar até que, na década de 30 do século XX, as casernas deram lugar a celas por onde passaram presos políticos como Álvaro Cunhal. As celas ficariam vazias desde o dia 27 de Abril de 1974 quando o forte deixou de ser prisão e foram libertados os últimos 39 presos, relata uma acta da cadeia.
 
Um dos três pavilhões foi transformado em Museu Municipal, em 1984, mostrando "as memórias da antiga prisão" com as celas individuais e os parlatórios, os quais são visitados anualmente por mais de 40 mil pessoas.
 
Os visitantes podem ver a cela onde esteve preso o histórico secretário-geral do PCP e alguns dos seus desenhos a carvão bem como o local por onde se evadiu em 1960.
 
 
"À excepção de 15 celas, ocupadas por artistas locais que as transformaram em atelier, a zona de recreio dos presos (Pateo da Cisterna) e os outros dois pavilhões de dois e três pisos, com mais de 50 celas, estão abandonados e degradados.
 
Em Junho de 2005, o actual Governo anunciou que estava a estudar a construção de uma Pousada de Portugal na Fortaleza de Peniche para a qual já existe uma maqueta da autoria do arquitecto Álvaro Siza Vieira.
 
Na altura, após uma visita ao forte, o secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, afirmou que "o projecto [para a construção de uma Pousada] não ficará inviabilizado".
 
Em 2003, foi assinado um protocolo entre a Câmara de Peniche, a Enatur e o Estado, através da Direcção-Geral do Património, para afectar parte da fortaleza à Enatur.
 
A autarquia realizou alguns investimentos ao abrigo do protocolo e a pedido da Enatur, nomeadamente um levantamento cartográfico digitalizado e avançou com compromissos para a rede de infra-estruturas da futura pousada.
 
JN

sinto-me: portugues
publicado por Luis Pereira às 21:25
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Terça-feira, 12 de Agosto de 2008

Os Combates de Óbidos e a Batalha da Roliça.

 

 

No final da Primavera de 1808, toda a Península Ibérica fervilha
com revoltas e levantamentos contra a presença massiva dos
exércitos de Napoleão Bonaparte. Em Portugal a Suprema Junta
do Reino, organiza um numeroso exército, mas pouco eficiente,
a norte do país, com o objectivo de marchar contra Lisboa e
expulsar os franceses.
A 10 de Junho, o Príncipe Regente, D. João, perante os massacres
e pilhagens perpetrados pelos exércitos de Junot, declara
oficialmente guerra ao império francês. Com toda a Península em
ebulição contra Bonaparte, o governo do Reino Unido, decide
actuar e aproveitar a oportunidade de combater Napoleão, na
Europa Continental. Em 1 de Agosto de 1808 desembarca em
Lavos, Figueira da Foz, um forte contingente militar comandado
por Sir Arthur Wellesley, futuro duque de Wellington, com o
objectivo de apoiar a revolta portuguesa. Rapidamente as forças
britânicas e portuguesas marcham para Sul, em direcção a Lisboa.
O primeiro embate entre as tropas britânicas e francesas ocorre
a 15 de Agosto de 1808, nos arredores da Vila de Óbidos. Nesse
dia, o exército britânico chega às Caldas da Rainha, vindo de
Alcobaça, onde pernoitara no dia anterior. Wellesley, comandante
 
em chefe, sabendo da proximidade de importantes forças
francesas, envia quatro companhias de atiradores (“Riflemen’s”)
do 60º Regimento e do 95º de atiradores, em direcção a Óbidos,
numa missão de reconhecimento, dando ordens concretas para
evitarem qualquer confronto com as forças inimigas.
Os franceses, por seu turno, comandados pelo general
Delaborde, acompanhavam de perto o avanço britânico. Desde
algum tempo que esperavam um momento e um local apropriado
para enfrentarem a força expedicionária britânica, apesar de
conscientes da sua inferioridade numérica .
É na zona da várzea de Óbidos, coroada a sul pelos altos da
Columbeira, soberba posição defensiva, que o experiente
general francês encontra o local que há alguns dias procurava.
Concentrando toda a sua divisão nesse sector, aí decide barrar o
caminho às forças anglo-portuguesas.
Para além do local ser o ideal para “dar batalha”, ao recuarem
de Óbidos, os franceses, deixariam aberta a estrada para a
importante cidadela de Peniche, principal porto e fortaleza a norte
da capital. A queda da praça-forte permitiria ao exército britânico
garantir um óptimo porto de abrigo para a frota, que controlava por
completo a costa portuguesa e, consequentemente, o constante
reabastecimento do exército de terra. Era pois imperativo para as
forças napoleónicas impedir que tal sucedesse.
Explorando ao máximo as óptimas condições defensivas que o
terreno lhe proporcionava, o comandante em chefe da primeira
divisão do exército de Portugal, elabora um dispositivo de batalha
que permitiria atrasar ao máximo o avanço aliado, dando tempo à
Divisão Loison para se juntar à refrega. Equilibrando, com isso, as
forças em confronto.
Nesse sentido, encarrega o general Thomières de organizar uma
primeira linha defensiva, junto do burgo medieval. Composta
por seis companhias de infantaria , incluíndo duas de elite
pertencentes ao batalhão suíço, a força avançada francesa
posiciona-se junto à linha do rio Arnóia, ocupando a Vila. Enquanto
o grosso da Divisão tomaria posições junto à aldeia da Roliça, uma
légua para Sul.
Apesar das advertências de Wellesley, para tomarem todas
as precauções necessárias, as companhias de atiradores
britânicos entram em contacto com a primeira linha francesa,
ocasionalmente, na zona do Bairro da Senhora da Luz,
envolvendo-se rapidamente num intenso tiroteio com as forças
francesas, com o intuito de as fazer recuar. Numa primeira fase
são bem sucedidos e, empolgados pela sua primeira vitória,
decidem perseguir os franceses que entretanto recuavam.
Avançando perigosamente, os “Riflemen’s” vêem-se debaixo de
fogo, cada vez mais intenso, pois a infantaria francesa dispara
de todos os lados, incluindo de dentro das vetustas muralhas de
Óbidos. Segundo o atirador inglês, Benjamim Harris do 95º Rifles,
os ingleses receberam uma autêntica “saraivada” de tiros de
mosquete.
 Aproveitando o facto de ser uma óptima oportunidade para
eliminar os isolados “Riflemen´s”, os franceses realizam um
contra-ataque, em força, o que provoca bastantes perdas
aos britânicos, que se encontravam agora numa situação
extremamente difícil. Vendo o perigo pelo qual passavam os
seus homens, Wellesley dá ordens ao major general Spencer,
para avançar. Este, à frente da sua brigada, consegue resgatar
as fatigadas companhias ligeiras e ocupar Óbidos. Os franceses
desistem da Vila e retiram-se para a aldeia da Roliça .
Essa acção permite a Delaborde ganhar dois preciosos dias,
antes do ataque britânico e garantir, assim, a chegada de Loison
e dos seus homens. No entanto, por ordens de Andoche Junot,
o general Loison e toda a sua divisão juntar-se-ia à força principal
francesa, que se concentravam já na vila de Torres Vedras.
Preparando o combate principal que se adivinhava.
No dia 17, e após terem sido efectuados reconhecimentos de
terreno no dia anterior, o comandante em chefe britânico dispõe as
suas brigadas ao Sul de Óbidos e avança em direcção das forças
francesas, estacionadas junto à aldeia da Roliça. Na esquerda:
o general Ferguson, apoiado pela brigada de B. Bowes, avança
pelas alturas da Usseira. Ao centro: os brigadeiros Nightingale,
Fane e Hill, com a cavalaria, a artilharia e apoiados com os
caçadores portugueses, dirigem-se em direcção ao inimigo pela
estrada real. À direita: o coronel Nicholas Trant, conduz os 1 200
portugueses, pelo sopé do Sobral da Lagoa, a oeste do rio Real.
Apesar de correr o risco de se ver cercado, Delaborde já
havia antecipado o plano inglês. Rapidamente, assim que as
companhias ligeiras entram em confronto, nas margens do rio
Real, recua a sua divisão do terreno, pela estrada da Roliça, em
direcção aos altos da Columbeira, escapando assim à manobra
envolvente.
Wellesley, vendo gorados todos os preparativos realizados pela
manhã, reinicia o ataque, pondo de novo em prática o plano inicial,
concentrando toda a artilharia no monte sobranceiro à aldeia da
Roliça. Os canhões britânicos disparam, para além dos obuses
sólidos, as novas granadas - as “Shrapnells” -, cravejando as
alturas de estilhaços e fogo. Ao mesmo tempo, o coronel George
Lake, à frente dos seus homens, ataca intrepidamente a posição
francesa, através de uma das ravinas, o que lhe causaria a morte e
pesadas baixas no seu regimento.
Com a pressão a aumentar e apesar da bravura das forças
francesas, os ingleses tomam de assalto os altos da Columbeira.
O veterano Delaborde, perante a enorme desvantagem numérica,
e sempre esperando a chegada de reforços, é obrigado a recuar
em direcção a Lisboa. De início ordeira e protegida por cargas
controladas dos esquadrões de dragões a cavalo, a retirada da
divisão Delaborde torna-se caótica na passagem pela Zambujeira
dos Carros, perdendo-se boa parte da artilharia e bagagem. O
general francês, já no cabeço de Montachique, perto de Loures,
recebe ordens de Junot, para se juntar à força principal francesa
em Torres Vedras.
A 21 de Agosto com todo o exército francês concentrado em
Torres, Andoche Junot, desencadeia uma enorme ofensiva contra
o exército de Wellesley, junto à aldeia do Vimeiro, enquanto os
britânicos recebiam reforços. O ataque redundou num enorme
fracasso para as forças imperiais, tendo os franceses sofrido um
elevado número de mortos e feridos.
Alguns dias mais tarde, assinava-se a controversa Convenção de
Sintra, na qual as forças francesas abandonariam Portugal, nos
barcos da Royal Navy, levando o produto de meses de saque.
Napoleão, no entanto, preparava já um exército de 150 mil
homens, comandados por ele próprio, para se juntar aos 100
mil de Joachim Murat, que já ocupavam a Espanha, tentando
assegurar o trono de José, seu irmão, para resolver, de uma vez
por todas, a questão Ibérica.
 
 
Visita aos locais Históricos
 
 
A visita aos locais históricos onde ocorreram os combates de 15 e 17
de Agosto de 1808, é, para além de um passeio histórico e cultural,
uma óptima oportunidade de contacto com a natureza e de desfrutar
a beleza paisagística que este tipo de roteiro poderá proporcionar.
Comece pela aldeia do Bairro da Senhora da Luz. A localidade
situa-se entre Caldas da Rainha e Óbidos e remonta,
provavelmente à Idade Média. No local mais elevado, em especial
junto ao moinho, poderá observar a cidade das Caldas, bem
como compreender a importância do local, como nó viário e ponto
estratégico, para o desenrolar do início dos combates do dia 15.
Neste local pode ainda visitar a Capela de Evocação a Nossa
Senhora da Luz, construída nos inícios do século XVIII.
Seguindo depois para Óbidos, desfrute de um agradável
passeio à Cerca e ao adarve, de uma beleza ímpar. Apesar
das alterações sofridas com os restauros dos anos cinquenta,
a muralha de Óbidos mantêm o mesmo desenho medieval e
praticamente a mesma estrutura defensiva, que apresentava na
altura dos combates em 1808. Não esqueça uma visita à Torre
do Facho, onde existe uma brecha, que serviu para colocar uma
peça de artilharia para proteger a Vila, de forças atacantes que
se aproximassem de sul, pela Estrada Real. A brecha terá sido
feita, em 1810, pelo destacamento aqui colocado por Sir Arthur
Wellesley, durante a invasão de Massena.
De seguida, aconselhamos uma visita ao Moinho do Facho, posto
de comando das operações aliadas. Aqui poderá (se munido de
um bom mapa da batalha) compreender o modo como Wellington
dispôs os seus 15 mil homens no terreno, na manhã do dia 17. Do
moinho poderá ver todo o vale, onde se desenvolveram todos os
acontecimentos, tal como o Duque de Ferro o viu nessa manhã de
Agosto, bem como os locais onde estariam posicionadas as forças
francesas do general Delaborde.
Poderá depois seguir o percurso pela antiga Estrada Real,
passando a antiga ponte da Pegada em direcção a S. Mamede,
seguindo o trajecto que as forças anglo-portuguesas tomaram
nesse dia. Se preferir, poderá ainda seguir pela zona da Usseira,
seguindo o percurso que Ferguson desenvolveu com a ala
esquerda do exército aliado. Pare no lugar da Boavista, onde
poderá desfrutar da fabulosa paisagem sobre o vale e tirar umas
magnificas fotografias. Se preferir, parta de Óbidos, passando pela
aldeia do Pinhal e o sopé do Sobral da Lagoa, seguindo o trajecto
que o Coronel Trant fez com os soldados portugueses, pela zona
da Amoreira.
Já no Concelho do Bombarral, logo após a ponte de S. Mamede,
vire à direita, antes de entrar na localidade da Roliça. Aí poderá
ver o local onde Delaborde colocou o exército imperial, na sua
primeira posição defensiva. Depois siga a estrada em direcção
à Columbeira. Poderá, entretanto, visitar a Igreja da Roliça, de
origens medievais e o monumento evocativo da batalha. Após
passar a Zambujeira dos Carros, termine o passeio nos Altos da
Columbeira, onde poderá visitar o túmulo do Coronel Lake e deixese
maravilhar pela espectacular paisagem do Alto do Picoto. Aí
poderá visualizar toda a várzea e compreender melhor a Batalha
da Roliça. Se ainda tiver tempo, poderá visitar a Quinta de Vila
Viçosa, ao Sul da Zambujeira, onde terá pernoitado Wellington, na
noite de 17 para 18.
 
 
Bom Passeio.

 

sinto-me: portugues
publicado por Luis Pereira às 22:04
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Quarta-feira, 21 de Maio de 2008

Birmânia – A ajuda humanitária manietada

 

 

 

Faz exactamente duas semanas que o povo da Birmânia foi fustigado por um violento ciclone que vitimou entre 30 mil e 100 mil de seres humanos, afectando directamente outros 2 milhões que, desde então, sentem o seu sofrimento desprezado, vendo-o por isso agravado.
 
Até hoje já morreram milhares de pessoas que poderiam ter sobrevivido. Não foi o caso.
 
A AMI, como tantas outras instituições da sociedade civil mundial, nada conseguiu fazer, esbarrando numa polida mas intransponível muralha de insensibilidade, indiferença e cinismo, erguida por uma ditadura militar facínora que, nem perante o atroz desespero de uma parte significativa do seu povo, entendeu não aceitar a ajuda que a comunidade humanitária mundial lhe oferecia, pondo apenas uma condição: que, por razões óbvias, fosse ela a entregá-la directamente aos sobreviventes.
 
Vivo desde então a maior frustração, revolta e angústia. Em 30 anos de intervenção humanitária nos quatro cantos do mundo, nunca tinha sido confrontado, como agora, com um governo tão ignominioso para o seu povo. E no entanto, ao longo destes anos, conheci ditaduras sanguinárias de toda a ordem, e até tratei com alguns ditadores ferozes...
 
Porém, tanto com os Médecins Sans Frontières como com a AMI, nunca me tinha sido completamente vedado o acesso, como médico humanitário, a populações martirizadas e indefesas, gritando por socorro, num desesperado e intolerável silêncio ensurdecedor para a minha consciência e para a nossa condição humana colectiva.
 
Com os intensos contactos ao mais alto nível a nível internacional e local, sei de fonte segura que é preciso muito mais ajuda e que grande parte da que vai chegando, sobretudo de países asiáticos que toleram ou apoiam a ditadura birmanesa, não tem como destino os sobreviventes e, quando o tem, é utilizada como mera arma demagógica política.
 
Quanto à ajuda possível das agências das Nações Unidas e outras, raras, instituições, chegou só depois de muito mendigar... tendo sido quase sempre instrumentalizada!
 
Infelizmente nem se pôde sequer invocar o Direito de Ingerência Humanitária porque este conceito já foi esvaziado desde a sua indevida apropriação e utilização para fins político-militares, como no caso do Iraque...
 
No entanto, nunca irei desistir.
 
 
Fernando Nobre
 
Publico - 21/05/2008

 

sinto-me: interveniente
publicado por Luis Pereira às 11:16
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Domingo, 18 de Maio de 2008

60 ANOS DE 'NABKA'

 

 

O 15 de Maio é um dia de inegável tristeza para os corações de todo o mundo árabe e do povo palestiniano, pois cerca de metade foi forçado a emigrar e 726 mil cristãos e muçulmanos obrigados a viver em 58 campos de refugiados sob a supervisão da UNRWA (hoje são 4,5 milhões), mas em condições desumanas e humilhantes, o que torna toda a situação uma verdadeira vergonha perante a inércia da comunidade internacional.
 
Desde 1947, data da partilha da Palestina, até à actualidade, as Nações Unidas emitiram 249 resoluções a favor da causa palestiniana. Aquele período trágico e sangrento está documentado no livro do historiador israelita Ilan Pappe “A Limpeza Étnica na Palestina”.
 
Ao longo dos anos houve 81 vetos americanos no Conselho de Segurança, o que permitiu Israel torturar o povo palestiniano, tornando-o assim um Estado acima da lei, ao qual tudo é permitido, sem que seja questionado ou julgado. Com este tratamento diferenciado e um sentimento de injustiça, o povo palestiniano não abandona o sonho do regresso, enquanto os israelitas apostam no facto de os velhos irem morrendo e as novas gerações irem esquecendo... mas as gerações da Nakba continuam ligadas às aspirações de uma pátria e ao desejo do regresso reconhecido pela comunidade internacional e pelos direitos do homem como um direito individual e colectivo que não pode ser abandonado e guardam ainda os documentos das suas propriedades e chaves de suas casas - todos os povos vivem na sua pátria e a pátria vive nos seus corações.
 
Em relação àquela tragédia, se a comunidade internacional continuar a ignorar um assunto tão fundamental e Israel continuar a não assumir as suas responsabilidades legais e morais correr-se-á o risco do surgimento de uma situação drástica na zona que poderá pôr em causa a paz mundial.
 
Após 17 anos de negociações, a paz está longe e Israel continua a sua política de colonização, a adiar a implementação das exigências da paz, a construir colonatos e o muro de separação, a confiscar mais terras, a anexar Jerusalém, tendo igualmente recusado a iniciativa de paz árabe. A nossa participação no projecto de paz baseia-se na séria convicção de que a paz é possível e poderá ser uma realidade e não apenas um sonho. A paz que se deseja para ter sucesso terá de ser estabelecida com base na justiça. A causa dos refugiados, considerada o assunto de mais difícil resolução na história contemporânea, não é apenas um desafio às nossas aspirações e valores éticos, mas é, muito principalmente, onde reside a chave do futuro da região. A Palestina vive momentos difíceis. O mundo árabe tem preocupações internas. A Europa mantém o apoio financeiro à Palestina, mas ignora a componente política. Perante este quadro, Israel continua a beneficiar do total e incondicional apoio dos EUA.
 
Apesar de se recordarem agora os 60 anos da Nakba, os palestinianos não desistem e continuam a insistir no direito ao estabelecimento do seu Estado independente nos territórios ocupados em 1967 com Jerusalém oriental como capital e encontrar uma solução justa para a questão do regresso dos refugiados. O povo palestiniano nada mais pede do que aquilo que lhe foi concedido pelas resoluções das Nações Unidas, pela comunidade e legalidade internacionais de acordo com os direitos humanos se é que, e esperemos que sim, ainda exista algum respeito e consideração por aqueles conceitos e resoluções.
 
 
Randa Nabulsi
delegada-geral da Palestina 
 
 
 
- Nakba significa catástrofe.

 

sinto-me: militante
publicado por Luis Pereira às 14:53
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Sábado, 1 de Março de 2008

PERGUNTA A ERNEST HEMINGWAY

 

Por quem os sinos dobram
por quem dobram os sinos, Ernest?
Pelas asas de anjo coladas
a fita gomada nas costas dos meninos
alguns na comunhão
ou pela estátua da liberdade em Nova York?
Por quem os sinos dobram
por quem dobram os sinos, Ernest?
Pelos berros de mil quilos
enlouquecidos coitadinhos
das super-avezinhas de arribação B-52
ou pelos arrozais sazonados
a sol de obuses no delta do Mecong?
Por quem dobram os sinos
por quem os sinos dobram, Ernest?
Pelos "play-boys" helicopterizados
entre céu e terra de Saigão
pelos pântanos que se menstruam de
afogados
ou pelas crianças camufladas de mortos
napalmizados no chão do Vietname?
Por quem dobram os sinos
por quem os sinos dobram, Ernest?
Pela mãe americana que não viu o filho
crivado numa emboscada vietcongue
ou pelo filho vietnamita que viu a mãe
ir aos céus de Buda numa granada "yankee"?
Ernest Hemingway:
Por quem os sinos dobram
por quem dobram os sinos?
Dobram pelo pai e pela mãe
dobram pelos filhos e pelos irmãos
dobram pelos netos e pelos avós
dobram pelas algemas nos pulsos
dobram pelas úlceras de medo
e na incógnita das megatoneladas
libertas a protão
dobram
ou não dobram a finados pela humanidade?

José Craveirinha
Poemas da Prisão

sinto-me: Resistente
publicado por Luis Pereira às 23:29
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Quarta-feira, 2 de Janeiro de 2008

HOMENS DO FUTURO

Ouvi, ouvi este poeta ignorado

Que cá de longe fechado numa gaveta

No suor do século vinte

Rodeado de chamas e de trovões,

Vai atirar para o mundo

Versos duros e sonâmbulos como eu.

Versos afiados como dentem duma serra em mãos de injúria.

Versos agrestes como azorragues de nojo.

Versos rudes como machados de decepar.

Versos de lâmina contra a Paisagem do mundo

— Essa prostituta que parece andar às ordens dos ricos

Para adormecer os poetas.

 

Fora, fora do planeta,

Tu, mulher lânguida

De braços verdes

E cantos de pássaros no coração!

Fora, fora as árvores inúteis

— Ninfas paradas

Para o cio dos faunos

Escondidos no vento...

 

Fora, fora o céu

Com nuvens onde não há chuva

Mas cores para quadros de exposição!

 

Fora, fora os poentes

Com sangue sem cadáveres

A iludiremos de campos de batalha suspensos!

 

Fora, fora as rosas vermelhas,

Flâmulas de revolta para enterros na primavera

Dos revolucionários mortos na cama!

 

Fora, fora as fontes

Com água envenenada da solidão

Para adormecer o desespero dos homens!

Fora, fora as heras nos muros

Vestirem de luz verde as sombras dos nossos mortos sempre

De pé!

 

Fora, fora os rios

a esquecerem-nos as lágrimas dos pobres!

 

Fora, fora as papoilas,

Tão contentes de parecerem o rosto de sangue heróico dum

Fantasma ferido!

 

Fora, fora tudo o que amoleça de afrodites

A teima das nossas garras

Curvas de futuro!

 

Fora! Fora! Fora! Fora!

 

Deixem-nos o planeta descarnado e áspero

Para vermos bem os esqueletos de tudo, até das nuvens.

Deixem-nos um planeta sem vales rumorosos de ecos húmidos

Nem mulheres de flores nas planícies estendidas.

Um planeta feito de lágrimas e montes de sucata

Com morcegos a trazerem nas asas a penumbra das tocas.

E estrelas que rompem do ferro fundente dos fornos!

E cavalos negros nas nuvens de fumo das fábricas!

E flores de punhos cerrados das multidões em alma!

E barracões, e vielas, e vícios, e escravos

A suarem um simulacro de vida

Entre bolor, fome, mãos de súplica e cadáveres,

Montes de cadáveres, milhões de cadáveres, silêncios de cadáveres

E pedras!

 

Deixem-nos um planeta sem árvores de estrelas

A nós os poetas que estrangulamos os pássaros

Para ouvirmos mais alto o silêncio dos homens

— Terríveis, à espera, na sombra do chão

Sujo da nossa morte.

 

 

J.G. Ferreira

 

sinto-me: portugues
publicado por Luis Pereira às 15:20
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.mais sobre mim

.Fevereiro 2009

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. ANTONIO LUIS PAULINO

. AMOREIRA - OS SEGREDOS D...