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Domingo, 19 de Outubro de 2008

Comércio de carne.

 

Foi ontem lançada uma campanha contra o tráfico de seres humanos. Um negócio dos novos negreiros, dos vampiros mais radicais da sociedade consumista que desbragadamente construímos até ao limite da sua quase destruição, como revela a crise que neste momento assola os sistemas financeiros mundiais.
 
Portugal tem sentido este problema. São vários os portugueses que partem para um país estranho comprometidos com contratos ou promessas de trabalho que parecem ser a solução para as suas dificuldades para, de repente, se verem subjugados por organizações criminosas que os cativam, que os tratam como escravos, que não lhes pagam, que lhes condicionam a liberdade até, em alguns casos, à liberdade de movimentos. E, por mais que se iluda o problema com os números estatísticos, Portugal tem sido um mercado preferencial para estes negócios sórdidos.
 
Sabe-se aquilo que as máfias de Leste têm feito. Ou melhor, sabia-se, antes de se pulverizar a investigação criminal por várias polícias sem troca de informação e correlação de números. Sabe-se, ainda há pouco se viu, bandos de romenos e ucranianos, usados nas vindimas como trabalhadores sem direitos, sem condições, sem garantias de trabalho. Sabe-se como as mulheres brasileiras têm alimentado o negócio do sexo em larga escala, submetidas a senhores de alto coturno, que as distribuem no mercado português e espanhol como se tratasse de caixotes de fruta. A tal ‘fruta’ que um conhecido processo judiciário tem celebrizado.
 
 
Sabe-se que o negócio pedófilo ganhou manhas que a Internet dissimula na atracção e exploração de jovens. Sabe-se do trabalho infantil, da expropriação dos mais elementares direitos da criança. Sabe-se, até, que quando se negoceia em carne humana o dinheiro é a moeda de troca de uma economia clandestina que há muito caminha ao lado dos números oficiais.
 
Há muito tempo que se ilude o problema. Por essa mesma ilusão as estatísticas revelam que em Portugal há poucos casos participados de tráfico de seres humanos. Mas também se sabe que não é assim. E nem se deve atribuir aos serviços de fiscalização e de controlo a existência de tantas vidas clandestinas e em sofrimento. Elas são o produto mais acabado da própria ideologia que determina o Estado e os modelos de desenvolvimentos em que temos apostado com todos os riscos que inscrevem. Do consumo acelerado, da mão-de-obra barata, do prazer a qualquer preço sem cuidar os valores essenciais que afirmam a dignidade humana.
 
 
Francisco Moita Flores, Professor universitário

 

sinto-me: revoltado
publicado por Luis Pereira às 18:26
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Domingo, 3 de Agosto de 2008

BARAK OBAMA

 

Barack Obama tinha 6 anos quando Martin Luther King foi assassinado em Memphis. Desde aquele 4 de Abril de 1968, a história mundial tornou-se tão efervescente que esquecemos a face dolorosa dos EUA. A candidatura de Obama é um convite a nos lembrarmos dela. No entanto, se o eloquente Obama é um herdeiro da epopeia de King, ele o é de maneira longínqua, imprecisa.
 
King, pastor na Geórgia, foi o representante exemplar dos descendentes de escravos africanos que viviam no sul, repelidos e desprezados pela maioria dos brancos. Obama vem de outra parte. Ou melhor, vem de todos os lugares ao mesmo tempo - e essa é a sua força. Ele é negro e branco. Nasceu no Havai, de pai queniano e mãe branca de alta linhagem: entre seus ancestrais está Jefferson Davies, presidente dos Estados Confederados da América. Muito jovem, retornou ao Quénia. Estudou em uma escola muçulmana na Indonésia. Fez seus estudos superiores nos EUA. Tornou-se cristão e participou de uma igreja negra de Chicago. Nada disso lembra a história de King. Lembra mais a de um imigrante do que a de um negro americano.
 
Há outra diferença. King não se inscrevia no jogo normal dos EUA e de suas instituições. Ele não conduziu uma acção política. Era um pastor que a miséria e a injustiça vieram interpelar. Já Obama é um homem político. Seguiu todos os currículos. Sabe das dificuldades. Conhece todas as subtilezas. Assim, o combate que empreende não é exactamente o mesmo que o de King. É por isso que evitou tão ferozmente apresentar-se como o recuperador da bandeira de King.
 
Nem sempre foi fácil. Ele tinha um desafio subtil: não se passar por um representante natural da comunidade negra, mas sem negligenciá-la. Nesse caso também, ele precisava estar aqui e lá ao mesmo tempo: negro e branco, nem negro nem branco.
 
O facto de pertencer, se não à comunidade negra, mas pelo menos ao mundo mestiço, não conseguiu descarrilar sua carruagem em várias ocasiões em que isso poderia ter ocorrido. O momento mais perigoso foi no início de Março, quando vídeos lembraram que o antigo pastor da igreja de Obama em Chicago, o reverendo Jeremiah Wright, era um inimigo dos EUA. Em 2003, Jeremiah, que foi uma espécie de guia espiritual de Obama, clamou: “Em vez de dizer ‘Que Deus abençoe os EUA’, é preciso dizer: ‘Que Deus amaldiçoe os EUA’, que tratam como sub humanos alguns de seus cidadãos.” Pior: após os atentados de 11 de Setembro de 2001, Jeremiah ousou dizer: “Surpreende-me que as pessoas se espantem de que tudo o que os EUA fizeram no estrangeiro seja jogado hoje em sua cara.” Diante desse terramoto, Obama reagiu com sangue-frio. Finalmente, ousou encarar de frente a questão racial, essa ferida dos EUA que ele até então evitava. Fez um discurso inspirado sobre o tema, à maneira de um Lincoln ou de King.
 
De facto, há algumas semelhanças entre sua luta política e a luta humana de King. Os dois homens, num dado momento, defrontaram-se com o mesmo inimigo: o ódio dos extremistas. Por volta de 1960, os negros americanos, constatando que a não-violência não dava resultado, distanciaram-se de King e cometeram excessos sangrentos. King assistiu, desesperado, a esse retorno do horror.
 
Obama também deparou com o mesmo tipo de excesso. Mas soube acalmar os ânimos. E exactamente por causa de sua personalidade ambígua, meio queniana e meio americana, meio negra e meio branca, um pouco religiosa, mas não muito. Ele tem uma suavidade, uma flexibilidade que King não podia conhecer. E ele tem outros trunfos. Além de seu charme e seu brio dialéctico, é um homem absolutamente novo. King era muito velho, dos inícios da história americana. Obama, com apenas 46 anos, é um homem livre em relação às tradições políticas asfixiantes às quais todos os seus concorrentes estão extremamente ligados.
 
O facto de ele pertencer à comunidade negra, longe de aliená-lo dos brancos, como ele próprio temia, é, ao contrário, aceite. Melhor ainda: muitos americanos brancos, desesperados ao constatar o desprezo, o ódio ou a aversão aos EUA no mundo todo, se perguntam se este homem brilhante, negro e ileso de todos os clichés americanos não poderia reconquistar o coração dos homens. A cor da sua pele não poderá fazer esquecer a imagem corrompida e despedaçada dos EUA de Bush?
 
Gilles Lapouge
 
Estado de São Paulo

 

 

sinto-me: Pensativo
publicado por Luis Pereira às 22:08
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Sexta-feira, 25 de Julho de 2008

A visibilidade dos invisíveis

 

Os incidentes ocorridos no bairro da Quinta da Fonte, em Loures, são trágicos, elucidativos e perigosos.
 
Trágicos, porque não podem ser isolados da sociedade em que vivemos; dos conflitos sociais crescentes; da pobreza que atinge, ou ameaça, mais de metade das famílias portuguesas; da dificuldade que temos em lidar com a heterogeneidade social.
 
Elucidativos porque confirmam uma coisa que já se sabe há vários anos - que os bairros ditos sociais não integram as minorias, antes reproduzem e agigantam, em muitos casos, problemas conhecidos dos bairros degradados. Dito de outra forma, significam que não se pode fazer integração por decreto, e que uma casa nova não é uma varinha de condão, mesmo que seja uma ferramenta para tranquilizar consciências e angariar votos em época eleitoral.
 
Trágicos e elucidativos, a um tempo, porque evidenciam um crescente da insegurança, da facilidade de acesso a armas mortíferas e, até, do facto de o governo português ter um discurso e duas práticas. Diz o ministro da Administração Interna que o seu Ministério, as forças policiais e o próprio Executivo "não cedem em nenhuma situação a pressões ou coacções". E que "se os cidadãos se quiserem manifestar terão de o fazer sempre de acordo com a Constituição e com a lei". É assim, de facto, com os Rom da Quinta da Fonte; foi exactamente o contrário, há poucas semanas, com os camionistas que cortaram estradas e pararam o país como quiseram, enquanto quiseram.
 
Perigosos, finalmente, porque tendem a aumentarem os índices de xenofobia e racismo na sociedade portuguesa. Aqueles que pertencem ao que hoje chamamos "minorias étnicas" parecem possuir, à partida, uma invisibilidade social e mediática; pouco ou nada sabemos das suas vidas, das suas dificuldades, da sua cultura.
 
Porém, quando se envolvem em acontecimentos perturbadores, como é o caso, tornam-se subitamente sujeitos de uma enorme visibilidade, que os media, com destaque para a televisão, produzem e ampliam. Só que se trata de uma visibilidade distorcida, porque conduz a que lhes seja atribuída uma identidade social negativa, e leva à etnização do problema.
 
Olha-se para a Quinta da Fonte e vê-se ciganos e negros aos tiros. Tanto basta para que o senso comum os construa como marginais e perigosos, esquecendo a sua condição humana. É isto o que mais assusta.
 
Mário Contumelias
JN

 

sinto-me: preocupado
publicado por Luis Pereira às 20:54
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Quarta-feira, 25 de Junho de 2008

Anorexia e bulimia: quando a balança é obsessão.

 

 

A morte de jovens modelos anorécticas noticiada pela comunicação social tem chamado à ribalta as perturbações do comportamento alimentar. As mais conhecidas são a anorexia e a bulimia nervosas. Trata-se de doenças do foro mental com repercussões físicas, por vezes, muito graves.
 
Moda e dietas perigosas
 
- Estas doenças, em geral, manifestam-se de forma antagónica, mas visam o mesmo: perder peso. O anoréctico não come para emagrecer ou evitar engordar. Com objectivos semelhantes, o bulímico ingere grande quantidade de comida num período curto e, a seguir, provoca o vómito. Ambos exageram no exercício físico e podem abusar de medicamentos diuréticos ou laxantes, com intenção de controlar o peso. Estes fármacos facilitam, respectivamente, a eliminação de urina e fezes. Os anorécticos podem ter crises de bulimia, sobretudo, em momentos de depressão.
- A anorexia e a bulimia afectam, sobretudo, mulheres. A primeira é mais frequente nas adolescentes, entre os 12 e os 18 anos. A segunda atinge, muitas vezes, adultas. Não se conhecem as causas exactas destes problemas, mas pensa-se que podem dever-se a uma conjugação de factores sociais, culturais, características pessoais e genéticas, entre outros.
- Os padrões de beleza ditados pela moda, que pouco tem a ver com a realidade, também podem contribuir para o desenvolvimento de perturbações do comportamento alimentar. O facto de as revistas para adolescentes passarem uma imagem de sucesso associada à magreza e insistirem em dietas desajustadas ou conselhos para disfarçar algumas características “menos apreciadas”, como a barriga ou ancas largas, agravam eventuais défices de auto-estima e dificuldades psicológicas. Nas adolescentes, há ainda que ter em conta as alterações físicas e mentais próprias da idade, que podem originar graves crises de identidade.
 
Sinais de alerta
 
- Perda de peso, desculpas constantes para não comer, cortar os alimentos em fracções ínfimas, isolamento social e prática exagerada de exercício físico são alguns sinais da anorexia. O comportamento alimentar destes doentes leva a um rápido esgotamento das reservas de energia, pelo que é necessário recorrer ao músculo para manter as funções vitais. As carências nutricionais tornam a pele mais seca e pálida e enfraquecem o cabelo. Tonturas, anemias e distúrbios no sistema hormonal, com o desaparecimento da menstruação, nas mulheres, e a impotência sexual, nos homens, são outros problemas comuns. Alguns doentes ficam com osteoporose, problemas de estômago, no fígado e nos rins. No limite, a doença pode conduzir à morte, por infecções generalizadas.
- No caso da bulimia, pode haver oscilações de peso e cáries dentárias frequentes, agressividade e isolamento social e alteração no horário das refeições. Os indícios mais comuns são, contudo, as idas frequentes à casa de banho durante ou após a refeição, para vomitar, as cicatrizes ou calos nas mãos, por provocarem o vómito, e a obsessão pelo exercício físico. Além dos problemas indicados para os anorécticos, arriscam-se a ter distensão do estômago, lesões no esófago, cáries dentárias, irritação crónica na garganta, por provocarem o vómito, e inchaço nas mãos e nos pés.
 
Tratamento físico e psíquico
 
- Se desconfia de que alguém sofre de anorexia ou bulimia, tente convencê-lo a consultar o médico de família. Este encaminha-o para uma consulta especializada no hospital. Quanto mais cedo for detectado o problema, maiores as possibilidades de cura. A duração do tratamento varia entre meses e anos, dependendo do estado do doente e da sua colaboração. 
- As consultas hospitalares, em geral, contam com uma equipa de vários especialistas, como psiquiatras, psicólogos e nutricionistas, entre outros. A psicoterapia individual é obrigatória. A terapia com a família é importante, para que esta possa dar apoio ao doente. Por vezes, os doentes tomam medicamentos, como anti depressivos.
- Ao nível físico, reintroduzem-se os alimentos de forma gradual e, em caso de carências nutricionais, o doente toma suplementos. Caso o tratamento não resulte, pode ser internado no hospital. O mesmo se verifica nos casos em que o baixo peso põe em risco a vida do doente. O percurso é difícil, mas a cura existe.
 
In Proteste – DECO Junho 2008

 

 

sinto-me: preocupado
publicado por Luis Pereira às 20:38
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Sábado, 21 de Junho de 2008

HOLOCAUSTO PALESTINO.

 

Talvez ainda não tenham sido mortos tantos palestinos, como judeus o foram, ás ordens de Hitler.
Pelos vistos, para lá caminhamos e com requintes tão ou mais graves.
A única diferença é que nos campos de concentração alemães, eram escolhidos geralmente militares sádicos e tarados para essas funestas tarefas.
De uma maneira geral o povo alemão foi colocado á margem do conhecimento de semelhante selvajaria.
Na Palestina pelo contrário, é todo um povo dito culto, dito religioso, dito democrático, dito eleito de Deus, que consente e pratica as mesmas barbaridades ou pior ainda.
Não podemos nem devemos esquecer, o motivo que deu aos judeus estatuto de vítimas e levou a Europa e os Estados Unidos principalmente, no consentimento do esbulho do território árabe e na artificial criação do Estado de Israel.
Não podemos nem devemos esquecer, que a comunidade que se estabeleceu em Israel, só uma pequeníssima parte era apátrida, em consequência da guerra.
Não podemos nem devemos esquecer, que os poucos milhares de judeus que nessa altura viviam em Israel tinham com os árabes, relações fraternas.
Não podemos nem devemos esquecer, que nessa altura, o inimigo comum aos judeus e palestinos eram os colonialistas ingleses, que ocuparam a Palestina e fizeram dela um protectorado.
Não podemos nem devemos esquecer, que foi o movimento Sionista, que quis resgatar para os judeus, um território que há milhares de anos não lhes pertencia
Não podemos nem devemos esquecer, que para que isso acontecesse, foram mobilizados milhões e milhões de judeus por esse mundo fora, que já tinham uma vida estabilizada e nacionalidades adquiridas há centenas e centenas de anos.
Não podemos nem devemos esquecer, que em consequência do chamado movimento Sionista, milhares e milhares de palestinos foram mortos e expulsos das suas casas, da sua terra natal e colocados em campos de refugiados
E sobretudo não podemos nem devemos esquecer, que sobre eles se continuam a abater diariamente, atrocidades que deveriam comover e envergonhar o mundo e particularmente a Europa e os Estados Unidos da América, principais culpados dessas inomináveis e trágicas barbaridades.
O petróleo e a necessidade de uma "testa-de-ponte", que permita os americanos defender militarmente os seus interesses na região, obriga-os não só fechar os olhos a estas atrocidades como a despejar diariamente em Israel, milhões e milhões de dólares para que os judeus possam continuar a defender os seus interesses geo-estratégicos.
E nós...europeus...assistimos...e nada fazemos. Que crueldade!....Que tristeza!....Que vergonha!!!
 
(Algures na net)

 

sinto-me: preocupado
publicado por Luis Pereira às 22:33
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Sábado, 14 de Junho de 2008

OS PARTIDOS POLITICOS E A SOCIEDADE PORTUGUESA.

 

Vive-se hoje um desajustamento. As pessoas não se sentem representadas pelos partidos políticos. Na verdade, as pessoas não se revêem nos actuais partidos políticos.
Obviamente, isto não parece interessar os partidos políticos. Dominar o aparelho de governo basta-lhes, para servir as suas clientelas.
Fernando Rosas observou há tempos numa obra interessante (Pensamento e Acção Política)., que nos últimos duzentos anos, em Portugal, jamais os regimes políticos se reformaram, e pelo contrário, todas as mudanças da arquitectura do poder foram promovidas por modos revolucionários e violentos.
Cabe ao poder político, como evidenciava já há cerca de 2400 anos Platão, organizar a sociedade. Organizar uma comunidade política não significa que o Estado deve intervir em todas as áreas da sociedade. Organizar a sociedade pode implicar dar liberdade de acção aos agentes sociais, assegurando para o Estado um papel de supervisão e de promoção da equidade entre todos os elementos que compõem a nação.
Mas, organizar a sociedade, significa sempre promover a justiça e a promoção da justiça está intimamente ligada ao aprimoramento da equidade entre todos os membros de uma dada colectividade.
Hoje, a sociedade portuguesa vive num impasse. É evidente a todos que os partidos são incapazes de uma efectiva reforma da sociedade portuguesa.
Apesar das promessas, os modelos de desenvolvimento reais estão anquilosados, são negativos para a expansão sustentada da sociedade, e só reforçam, a longo prazo, o nosso proverbial atraso face às nações mais desenvolvidas da Europa.
Apostar num crescimento por via das obras públicas, tendo por base a construção de infra-estruturas físicas de betão, é um custo de oportunidade colossal. Será dinheiro lançado ao ar, sem retorno possível, porque os seus efeitos a longo prazo serão escassos, quando não, negativos.
É o que a ciência económica define como “rendimento decrescente”. Quanto mais dinheiro se investe, menos rendimento se extrai, quanto maior o “input”, menor o “output”.
Mas esta situação deriva do anquilosamento ideológico dos partidos. Sem terem de facto ideologia, meras máquinas de assunção ao poder, são incapazes de pensar a sociedade. E incapazes de pensar a sociedade, vivem ao sabor das necessidades do momento, preservar ou conquistar o poder, sem uma perspectiva de longo prazo, sem alguma capacidade de mirar o futuro. E sem visar o futuro, os partidos são incapazes de dispor e de pensar de um modelo de organização da sociedade.
Os partidos políticos, principalmente os partidos do arco do poder, são hoje um fardo na mudança de Portugal. Agrilhoam Portugal ao passado, são um empecimento ao seu futuro.
Em boa verdade, o sistema político português precisava de uma “revolução coperniciana”, que levasse de uma enxurrada os partidos actuais e os substituísse por gente nova, com outra visão, com um prisma de futuro para Portugal.
 
 
António Paulo Duarte
 
Notícias da Manhã

 

sinto-me: preocupado
publicado por Luis Pereira às 21:44
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Quinta-feira, 12 de Junho de 2008

Pesados e ligeiros.

 

Há episódios que fazem desconfiar se em Portugal vigora um Estado de Direito. Quando camionistas dispostos a arrancar apoios subtraídos ao dinheiro dos contribuintes impedem colegas seus de cumprirem compromissos profissionais, no uso legítimo da liberdade de não aderirem ao protesto, esperava-se que as autoridades fossem menos tolerantes. Mas não foi isso que sucedeu nos últimos dias.
 
Perante a passividade de quem devia proteger os cidadãos, já se assistiu a suficientes eventos para se acreditar que há lei mas não há vontade ou capacidade para a impor. Vai havendo um pouco de tudo. Desde a destruição, impune, de uma plantação de milho transgénico à barbaridade da inutilização, na lota de Matosinhos, de peixe que estava destinado a ser entregue a instituições de solidariedade social.
 
Durante o bloqueio dos camionistas, veículos foram apedrejados e bens perecíveis foram colocados em risco de esgotarem a sua validade. Um pouco por todo o lado, imperou a lei do mais forte. E o mais forte foi, neste caso, o grupo de camionistas que preferem o conforto das ajudas públicas a adaptarem-se, como as empresas de outros sectores e as famílias, às mudanças que se operam no mercado. Quanto mais o Estado se demite das responsabilidades de proteger a propriedade e a paz pública, maior o poder de quem tenta impor os seus pontos de vista através da chantagem e da ameaça de paralisar toda a sociedade.
 
Entre as patuscadas à beira da estrada, os intervalos na agitação para ver os golos de Cristiano Ronaldo e companhia e as ameaças dos camionistas de optarem por meios de pressão mais expeditos, o Governo decidiu actuar com cautela. Optou por manter negociações e avaliar a possibilidade de fazer cedências, deixando a corda esticar. A escassez de bens alimentares e de combustíveis foi a factura que o País foi forçado a pagar pelo bloqueio e pelo cuidado do Executivo em evitar que o uso da força para restabelecer a normalidade significasse o resvalar da situação para o confronto e a violência. A faca tem dois gumes. É útil para preservar a imagem do Governo no imediato, mas planta um factor de desmoralização que envenena a confiança nas instituições, ao criar o sentimento de que o Estado é forte com os fracos e fraco com quem tenha os meios para aparentar ser forte.
 
Estas histórias costumam terminar com decisões ligeiras que abrem os cordões à bolsa dos recursos que, por serem públicos, não são de ninguém. No célebre "buzinão" que abanou o último Governo de Cavaco Silva, o conflito só foi superado quando a lógica sensata da aplicação de taxas mais elevadas a veículos que, por serem da categoria de pesados causavam mais desgaste na Ponte 25 de Abril, foi atropelada sem apelo, nem agravo. Desta vez, não será diferente.
 
Entre abatimentos no IRC, a possibilidade de apenas liquidar o IVA quando as facturas são pagas e outros benefícios saídos dos generosos bolsos dos contribuintes, espera-se que tudo regresse à normalidade. Espera-se. Porque nada impede que, perante a previsível persistência da cotação do petróleo a níveis elevados, outros sectores, ou os mesmos, não venham a tentar a sua sorte, animados pelos bons resultados alcançados pelos camionistas.
 
João Cândido da Silva
 
Jornal de Negócios
 

 

sinto-me: interventivo
publicado por Luis Pereira às 22:47
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Quinta-feira, 5 de Junho de 2008

Homicídio em nome da guerra.

 

 

Há 40 anos, a Companhia Charlie do Exército norte-americano estacionada no  Vietname, entrava na aldeia de My Lai e, em pouco mais de três horas, chacinava a sangue frio cerca de 500 civis.
 
Em 1968, o recorte político nos Estados Unidos era tumultuoso, louco e penoso. Domesticamente assistia-se aos assassinatos de Marter Lutter King e de Robert Kennedy. Enquanto isso, na arena internacional, a Coreia do Norte mostrava a sua determinação ao aprisionar um navio da Marinha Norte-americana, ao mesmo tempo que no Vietname os comunistas davam início à Ofensiva Tet. Não obstante o desconforto induzido por tais episódios, nenhum deles terá certamente humilhado tanto o Tio Sam quanto aquele ocorrido a 16 de Março, data fatídica em que a Companhia Charlie do Exército Norte-americano estacionada no Vietname, entrava na aldeia de My Lai e, em pouco mais de três horas, chacinava a sangue frio cerca de 500 civis.
 
Deste autêntico terramoto na história militar dos Estados Unidos sentir-se-iam réplicas por todo o sistema político, acabando, inevitavelmente, por influenciar uma opinião pública já fragmentada no apoio à guerra. Na verdade, parecia insuperável que os heróis de Iwo Jima, conquistadores do Terceiro Reich e salvadores do mundo livre, fossem agora os protagonistas da matança. O escândalo e a vergonha atingiram tamanha proporção que muitos norte-americanos se negavam, desesperadamente, a admitir as evidências, jurando que as fotos vindas a público só podiam ser obra da contrafacção Vietcong.
 
Como em muitas outras matérias o factor tempo é indispensável para o amadurecimento dos aspectos emocionais e melindrosos de um episódio desta natureza. Passados 40 anos, parece-nos oportuno recordar o quão brutal e desumano pode ser o fenómeno da guerra, sem que isso nos transporte para uma crítica leviana e de circunstância, muitas vezes usada exclusivamente em prol de interesses políticos.
 
Arrepiantes imagens  recordam-nos aquilo que um jornalista da Time descreveu como uma «atrocidade executada barbaramente». Um exemplo de como a guerra subverte o indivíduo apoderando-se da sua consciência, numa manobra esquizofrénica em que o «humano» cede o lugar à «besta». De facto, aqueles soldados sanguinários não eram mais homens, não tinham mais alma.
 
 
 César Rodrigues - Visão

 

sinto-me: revoltado
publicado por Luis Pereira às 20:12
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Terça-feira, 3 de Junho de 2008

GUANTÁNAMO, A VERGONHA.

 

 

Cinco suspeitos dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 vão ser ouvidos por um juiz militar quinta-feira na base americana de Guantánamo, em Cuba. Entre os detidos está Khalid Sheikh Mohammed, considerado o cérebro do ataque simultâneo contra as Torres Gémeas e o Pentágono que causou quase três mil mortos. Mas se a Administração liderada por George W. Bush pretende que esse seja um momento de apuramento da verdade sobre os planos da Al-Qaeda, arrisca-se a que seja sobretudo mais uma ocasião para ser questionada a legalidade de uma prisão localizada numa base fora do território dos Estados Unidos e contestada até pelo Supremo Tribunal americano.
 
Se Guantánamo é hoje uma mancha na imagem internacional dos Estados Unidos, a partida de Bush deverá resolver a questão. Os dois democratas na corrida à Casa Branca, Barack Obama e Hillary Clinton, já se pronunciaram pelo encerramento da prisão. E mesmo o republicano John McCain tem reafirmado que se for eleito a 4 de Novembro irá transferir os presos para estabelecimentos em solo americano.
 
Os Estados Unidos deixarão assim de ser acusados de violar a Convenção de Genebra sobre prisioneiros de guerra. Os argumentos de que os detidos são combatentes inimigos ilegais, sem direitos, só serviram para descredibilizar a América como terra da democracia. E a guerra ao terrorismo (e ao fanatismo islâmico) não se ganha só militarmente. Também se ganha pelo exemplo.

 

sinto-me: Pensativo
publicado por Luis Pereira às 23:05
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Sexta-feira, 30 de Maio de 2008

Entre a vergonha e a tragédia.

 

O relatório sobre a situação social na Europa em 2007, divulgado pela Comissão Europeia, veio mostrar que Portugal é o país com maior desigualdade na distribuição dos rendimentos na UE, ultrapassando até os Estados Unidos. Trata-se de uma posição vergonhosa e trágica.

 

Vergonhosa, já que ninguém quer ser campeão da injustiça social; trágica, porque, 34 anos depois de Abril, evidencia que a desigual distribuição da riqueza é, no nosso caso, não uma questão de conjuntura, mas um problema de regime.

 

Claro que o Governo, dito socialista, veio logo desmentir o facto, alegando que os dados são de 2004 e que hoje o nível de desigualdade é menor. Pura retórica. Os portugueses sabem como as dificuldades crescem dia-a-dia, ameaçando aumentar o número de novos pobres, face à subida do custo dos géneros de primeira necessidade e à escalada dos preços dos combustíveis.

 

E não colhe remeter, de forma simplista, a causa da situação para a globalização neoliberal, ou para o aumento dos preços do petróleo. Não é por aí que se explica o contraste gritante entre ricos e pobres, que caracteriza a sociedade portuguesa. Na Europa, os países nórdicos vivem no mesmo mundo e têm uma repartição da riqueza muito mais igualitária.

 

Igualmente, não há que justificar esta iniquidade com um fraco desempenho da economia, porque sabe-se que a redução das desigualdades tende a melhorar as condições dessa mesma economia. O que acontece é que, num quadro em que os gestores das maiores empresas ganham 23 vezes mais do que os que nelas trabalham, alguma coisa vai mal no campo da justiça distributiva, no reino de Portugal.

 

Basta ver o que diz o prof. Alfredo Bruto da Costa, coordenador do estudo "Um olhar sobre a pobreza", para perceber que o que está em causa na vergonhosa desigualdade em que vivemos é um problema de "repartição primária" da riqueza, portanto de salários. E que esse só se resolve democratizando as empresas e subindo os ordenados.

 

Como diz Bruto da Costa ao "Público", de pouco valem as políticas sociais, porque essas querem "resolver a pobreza dentro do universo da pobreza", ignorando-lhe as causas. Tais políticas "são desenhadas de modo a não mexer no resto da sociedade" e, sem mudança social, "não pode haver erradicação da pobreza".

 

Ora, os nossos governantes estão ao serviço do regime e não têm a vontade política necessária à mudança. Os partidos políticos da alternância, PS e PSD, seja qual for o seu discurso, parecem estar coligados na manutenção da situação.

 

Como disse o prof. Eduardo Lourenço ao "Diário de Notícias", são "duas alternativas à mesma coisa", a manutenção do status quo. José Sócrates e Manuela Ferreira Leite, abstraindo a diferença de género, são duas faces iguais de uma mesma moeda. Com uma diferença - Sócrates enganou-se no filme e esqueceu o socialismo.

 

Não é por acaso que Mário Soares sugere "ao PS e aos seus responsáveis" que façam uma "reflexão profunda" sobre "a pobreza; as desigualdades sociais; o descontentamento das classes médias" e sobre "questões prioritárias", como "a saúde, a educação, o desemprego, a previdência social, o trabalho".

 

Como não terá sido por acaso que Manuel Alegre afirmou que, "mesmo numa situação difícil à escala global, o governo regional açoriano tem mostrado que é possível fazer diferente", porque não esquece uma "matriz" que "está a ser aplicada na saúde, na educação, na administração pública, na cultura, na atenção e solidariedade com os mais desfavorecidos".

 

O mesmo Manuel Alegre diz que o presidente do Governo Regional dos Açores não "é um socialista de plástico, feito por uma agência de comunicação de um dia para o outro". A quem servirá a carapuça?

 

Mário Contumélias, Docente universitário

 

JN

 

sinto-me: preocupado
publicado por Luis Pereira às 10:32
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