Quarta-feira, 18 de Junho de 2008
A FPF é uma instituição de utilidade pública que pouco faz senão gerir os calendários das Selecções Nacionais e, entre estas, de forma muito particular, a mais representativa.
Pugnar pelo desenvolvimento do futebol nacional é um dos pressupostos mais importantes dos seus estatutos. Fazer evoluir a formação e os quadros competitivos deveriam ser preocupações primaciais do elenco directivo.
A FPF sempre teve horrores a reformas e nas questões mais difíceis normalmente ausenta-se. Ou não se pronuncia ou age dissimuladamente.
O futebol profissional, com todas as suas imperfeições, vai fazendo o seu caminho sob a égide de uma Liga com melhores ideias, chocando brutalmente com os miasmas do sistema. Os de sempre. Os que dificilmente serão erradicados por resultarem de vícios de origem mais ou menos inultrapassáveis, uma vez que o(s) Estado(s) não mostra(m) força para colocar em causa o poderio da FIFA e da UEFA, que usam as Federações (em cada país) como suas marionetas.
A FIFA e a UEFA depositam milhões de euros nas (Con)Federações e estas alimentam o negócio, que põe em causa a soberania dos povos.
Não creio que seja possível quebrar este elo. Um elo que gera produtividade e corrupção.
O futebol não profissional, longe do mediatismo destes tempos, está atolado em problemas que a FPF não resolve. Resta a Selecção Nacional.
Agora que a “geração de ouro” deixou de ter representantes sobre o relvado, talvez fosse importante fazer um balanço do trabalho realizado em torno das Selecções mais jovens e perceber por que motivo, nos últimos anos, elas perderam capacidade competitiva. E perguntar a Madaíl como justifica o facto de, volvidos tantos anos sobre a promessa de sucessivos arranques, não haver notícia de nenhum avanço da Casa das Selecções, a não ser a angústia de uma primeira pedra e muito dinheiro gasto em projectos.
Perante uma Federação destas, o que pode esperar o Benfica?
Perante uma Federação que adoptou para si própria, gostosamente, o papel de escrava de poderes nem sempre bem caracterizados, quem se pode queixar?
Alguém fez alguma coisa, nos últimos anos, para mudar a FPF? O Benfica, por exemplo, fez alguma coisa?
Não há indemnização que pague os prejuízos que a FPF tem infligido ao futebol português, mesmo engordada artificialmente com os dinheiros da FIFA e da UEFA – e também com o dinheiro de todos nós.
Nesta fase, talvez seja mais importante que o Benfica se concentre nos seus problemas, até porque a má época que realizou não merece o prémio de participação na Liga dos Campeões.
Rui Santos
Record
sinto-me: pela verdade desportiva
Segunda-feira, 19 de Maio de 2008
Dois golos de Tiuí, já na segunda parte do prolongamento, deram ao Sporting uma merecida vitória na final da Taça de Portugal frente ao FC Porto ontem num Estádio do Jamor completamente cheio. O ponta-de-lança brasileiro só tinha marcado um golo no campeonato (na última jornada, ao Boavista) e foi o improvável herói da final. Entrou no início do prolongamento e com um golo estranho, primeiro, de ângulo difícil e com Nuno ainda a tocar na bola, e no segundo num magnífico pontapé de bicicleta, selou a vitória. O FC Porto jogava nessa altura com dez homens por expulsão de João Paulo (71'), numa decisão algo dura de Olegário Benquerença, embora o melhor período do Sporting não foi, longe disso, nessa altura, mas na primeira parte. No prolongamento, os dragões até chegaram a estar perto de marcar primeiro.
Mas, tirando várias incidências e até superioridade do FC Porto, em jogo jogado, nos outros encontros, não é por acaso, parece-me, que os campeões nacionais perderam três jogos e ganharam apenas um com o Sporting esta época. A equipa de Jesualdo Ferreira gosta do contra-ataque e o Sporting nunca lhe deu hipóteses disso, precisamente porque o jogo de Paulo Bento é de nunca descobrir muito a sua baliza. A equipa consegue jogar bem assim em partidas igualadas, os seus problemas surgem quando tem de atacar com muita gente. O FC Porto teve períodos de muita apatia, havia gente que parecia que tinha estado de férias nas últimas semanas (Quaresma, Lisandro).
Paulo Bento optara por um onze com Derlei em vez de Vukcevic e a equipa entrou muito melhor que o adversário e foi mesmo Derlei a fazer de Nuno o melhor em campo - até aos golos de Tiuí -, com três defesas muito boas. O FC Porto estava apático e João Paulo não foi uma boa solução para o lado esquerdo da defesa, como também não pareceu muito feliz a titularidade de Mariano em vez de Tarik. A equipa nunca teve fluência de jogo. Miguel Veloso comandou bem todas as operações a meio-campo, além de ter um olho em Lucho Gonzalez e foi do seu médio-centro que os leões tiveram sempre jogo limpo para a frente, aguentando bem a pressão do FC Porto, que tentava atacar com muitos homens mas não o conseguia. Grande oportunidade só teve uma, por Lisandro, depois de boa arrancada de Mariano que isolou o companheiro, mas Rui Patrício saiu bem e deu o corpo à bola.
No prolongamento, o FC Porto até começou por ter as jogadas mais perigosas, mas Tiuí resolveu bem tarde o que o Sporting podia ter resolvido bem mais cedo.
DN Desporto
sinto-me: desportista
Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008
Semana de Sporting-Benfica já foi um grande acontecimento. O jogo de futebol que fazia parar o País era um exemplo de mobilização. Com momentos menos bons e outros grandiosos. O dérbi capital. O Sporting e o Benfica lutavam sempre pela primeira posição. Não havia lugar a discursos miserabilistas. Ser segundo classificado era uma derrota. Servia de pouca consolação. Com o crescimento do FC Porto, a ambição passou a ser, num caso, propagandeada e, noutro, dissimulada. Mudam-se os tempos, mudam-se as conjunturas e as vontades.
Os responsáveis do Benfica projectam a ideia de que o Glorioso existe. No presente como no passado. Infelizmente não é assim. O Benfica encontra-se numa encruzilhada. Em permanente (des)encontro com uma ideia de futuro que dignifique o tempo em que as camisolas eram apenas encarnadas.
Época após época acha-se um “salvador da pátria”. O presidente, sempre. Eusébio omnipresente. Um treinador, às vezes. Rui Costa. Uma aquisição sul-americana. Os contratorpedeiros da arbitragem e das críticas (internas e externas).
Os responsáveis leoninos deixaram que o clube se reduzisse a uma expressão falsa. O Sporting é uma grande instituição. Nunca foi Glorioso mas viveu tempos áureos. Mesmo em épocas sem título, Alvalade chegou a ser morada do melhor futebol. Agora é a residência de um conformismo que se associa aos períodos de menor pujança da sua história. Nos últimos anos, o Sporting nem teve a audácia de “vender” a sua marca, em correspondência com a força da sua massa adepta.
A este respeito vem agora Filipe Soares Franco, na semana de um “dérbi minorca”, criar um facto. Curiosamente em redor da verdadeira dimensão do clube, cuja estratégia aparece com alguns anos de atraso.
Soares Franco tentou visar o seu rival e adversário de domingo no momento errado, chamando a atenção, afinal, para a artificialidade propalada pelo grande clube da Luz. Apelar à adesão de mais sócios neste momento (de 92 mil, 60 mil pagantes, para 150 mil) é tão utópico e inconcretizável, num ano, como o Governo baixar os impostos.
RUI SANTOS
Record
sinto-me: Que ganhe o melhor