“Dito cujo, falo, caralho, pila, verguinha das Caldas, malandrices, louça erótica, um das Caldas”, são tudo nomes que se ouvem quando se fala da cerâmica tradicional das Caldas da Rainha.
A louça tradicional das Caldas da Rainha terá aparecido no final do século XIX. Maria dos Cacos, barrista e feirante, adoptou os primeiros modelos de formas antropomórficas e pendor humorístico. Posteriormente, apareceu Manuel Mafra. Só depois, o humor de Maria dos Cacos e o naturalismo de Manuel Mafra foram recriados por Rafael Bordalo Pinheiro. A determinada altura, o Rei D. Luís terá ido às Caldas da Rainha a procura de umas prendas diferentes para oferecer aos seus amigos. Ao que tudo indica, terá sido a partir deste desejo que Rafael Bordalo Pinheiro terá criado o famoso falo. A criatividade transbordante de Rafael torna-se mais disciplinada com o filho Manuel Gustavo e o seu rival Costa Motta Sobrinho, nomes que sobressaem na cerâmica das Caldas das primeiras décadas do século XX.
Nestes últimos anos, no entanto, as peças fálicas perderam popularidade e já são muito poucos os ceramistas que as fabricam. Artesanato grosseiro ou arte provocatória, a verdade é que as “malandrices” são uma espécie de louça em vias de extinção.
Uma das razões que tem levado ao gradual desaparecimento dos “falos” das Caldas é a falta de seguidores. Enquanto anos atrás havia muita fábrica a trabalhar na louça erótica hoje praticamente não há ninguém. Um dos únicos sobreviventes é Francisco Agostinho com a sua fábrica no Chão da Parada. A sua arte chegou a transpor as fronteiras. Muitas peças suas tiveram como destino países como a Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos, Itália e Espanha. Agora limita-se a produzir para o mercado nacional.
Outrora as ruas mais antigas das Caldas da Rainha estavam repletas de lojas e montras cheias de peças de artesanato erótico. Era porta sim porta também. Agora, são apenas três as lojas da especialidade.
Relativamente à expressão “ às cinco não faço mais um...” desconhece-se a sua origem. Pensa-se que esta frase terá sido criada a nível nacional para satirizar os serviços públicos. Desde então é utilizada também para “gozar” com os trabalhadores das Caldas da Rainha, sobretudo aqueles que se dedicam ao fabrico do artesanato erótico.