
Tornar Óbidos uma comunidade identificada com a inovação e a criatividade e um território aberto à criação artística, é o objectivo do Junho das Artes, uma iniciativa que arrancou no passado dia 6 e que se prolonga até 29 de Junho.
Mais de duas dezenas de artistas dão a conhecer as suas obras e talento nas galerias, praças e ruas da vila, proporcionando a todos os visitantes um contacto directo com a arte contemporânea.
Até ao final do mês grandes nomes da arte contemporânea como Rui Chafes, Pedro Calapez, Pedro Proença, Pedro Cabrita Reis, José Pedro Croft, José Aurélio, Graça Pereira Coutinho e Cristina expõem as suas obras ao lado das de jovens artistas, a sua maioria estudantes da ESAD.
Na inauguração, que decorreu na tarde da passada sexta-feira, o presidente da Câmara de Óbidos, Telmo Faria, realçou que o modelo de desenvolvimento deste concelho “só faz sentido se for revestido de um ambiente cultural que se intensifica e aprofunda” pois o sucesso económico também se faz atraindo talentos. Para tal, a autarquia pretende tornar público em breve o programa “Óbidos Criativa”, que irá envolver diversas entidades, empresas e pessoas.
A iniciativa Junho das Artes já faz parte desse plano e pretende “proporcionar uma aposta mais clara na arte contemporânea”. A recuperação da Galeria Ogiva para a arte, 30 anos depois da sua inauguração, foi o primeiro passo nesta área, mas a autarquia quis dar “um salto maior”, com a criação de um evento durante um mês inteiro, onde fosse possível apreciar um conjunto de percursos e olhares de vários autores.
“Que Óbidos seja um lugar de criatividade e sobretudo de liberdade e de escolhas”, aspirou o edil, adiantando que em cada um habitam hábitos de censura para com a expressão contemporânea. “Sei que muitas pessoas vão passar por muitas das obras e vão rejeitar, mas tudo isso faz parte da maneira como queremos que Óbidos seja olhada”, disse.
Telmo Faria lembrou mesmo a própria construção da vila, ao longo do tempo, feita de forma desordenada, para concluir que seria “algo inaceitável para os planeadores dos dias de hoje”, devido à sua densidade urbana ou tipo de ruas.
O autarca garantiu que quer estabelecer uma relação duradoura com a comunidade artística e que Óbidos está de “portas abertas a acolher e a adequar esta capacidade de criar e inventar coisas”. Realçou ainda a ligação de maior proximidade com a ESAD, que “embora localizada a quatro quilómetros, às vezes parece que está muito longe”. Daí que seja necessário “quebrar estas barreiras e trabalhar no sentido de uma aproximação comum e conjunta”.
A par das exposições, o Junho das Artes também contempla animação. Amanhã à noite, a partir das 21h30, será apresentado na Praça de Santa Maria, o bailado contemporâneo “Tok’art”. A 21 de Junho, pelas 22 horas, será apresentado no mesmo local, “A naked lunch”, a banda sonora ao vivo com a projecção do filme “Nosferatu”, de F. W. Mumau.
Já a 27 de Junho haverá um concerto com “Kumpania Algazarra” e, no dia seguinte, pelas 18 horas, será lançado o livro de Olga Roriz no Centro de Design de Interiores e, pelas 21h30, será feita uma intervenção performativa/multimédia “Bikini Kill”.
Inaugurações amanhã
A primeira edição do Junho das Artes presta homenagem à designer Maria José Salavisa e ao pintor, cenógrafo e figurinista Abílio de Mattos e Silva. Amanhã, 14 de Junho, a partir das 17 horas, será inaugurado o Centro de Design de Interiores – Maria José Salavisa e o Museu Abílio Mattos e Silva, juntamente com a Casa do Arco, casa-museu dos dois artistas.
Na Galeria da Casa do Pelourinho será também inaugurada a exposição “Gosto Maior”, com obras da designer de interiores.
Abílio de Mattos e Silva nasceu no Sardoal tendo vivido em Óbidos até ao período em que iniciou os estudos universitários em Coimbra. A vila medieval é, aliás, um tema recorrente na sua pintura, desenho e escrita.
Maria José Salavisa nasceu e cresceu num mundo de cultura, que ainda se afirmou mais com o seu casamento com Abílio de Mattos e Silva.
O Centro de Design de Interiores, situado junto à Torre do Facho, destina-se a fomentar e desenvolver a arquitectura e o design de interiores, podendo ser utilizado para cursos, seminários, conferências e exposições. Possui um auditório, uma pequena recepção, bar e uma sala onde se centraliza um centro de documentação electrónico e de divulgação de espólio pedagógico de Maria José Salavisa.
Já o Museu Abílio de Mattos e Silva, situado na Praça de Santa Maria (antigo Museu Municipal) pretende mostrar o espólio da obra do artista, nomeadamente no âmbito da cenografia, figurinismo, ilustração e design gráfico, pintura e desenho.
Gazeta das Caldas